terça-feira, 12 de setembro de 2017

E O RÓTULO DA CACHAÇA É OU NÃO É UM DOCUMENTO?


No glossário de espécies documentais, apresentado por Heloísa Liberalli Belloto, em Diplomática e tipologia documental em arquivos, não consta “rótulo” como espécie documental.

Mas se o rótulo puder ser identificado como o suporte de informações – informação associada a um suporte - relevantes acerca do produtor (aqui entendido como fundo) poderia ser visto como um documento?


Vejamos: no rótulo contém a identificação do fabricante, pode conter a identificação do distribuidor, pode conter informações sobre o contexto social em que foi produzida a cachaça e, por conseguinte, em que atuava o seu produtor.


Como a cachaça foi declarada oficialmente um bem imaterial brasileiro, o rótulo também não poderia ser visto como uma identificação desse bem? Perceba que no rótulo há informações sobre os ingredientes dos quais são produzidos a cachaça, entre outras muitas informações.


Nas palavras de André Lopez, em Arquivos Pessoas e as Fronteiras da Arquivologia, “o rótulo enquanto documento explica o tipo de produto, o fabricante, etc”.

O rótulo é um produto da atividade do fabricante de cachaça. Será que em algum momento ele pode se configurar como um documento de arquivo?

Nesse sentido, não estou me referindo ao rótulo que está preso à garrafa de cachaça. Refiro-me ao rótulo, que depois de passar por todo o processo de criação a que um rótulo é submetido, recebeu a aprovação do Presidente da empresa fabricante de cachaça. E, para formalizar essa aprovação, ele assinou algum papel em que se encontrava o rótulo impresso ou inserido fisicamente ou pode até ter assinado em cima do rótulo!


Ainda Lopez afirma que “ a compreensão do documento demanda uma síntese dessas partes que o definem – a informação e o suporte material - , admitindo gradações ou relativizações na importância dada ora a uma, ora a outra, em função do enfoque que se quer privilegiar”. E mais adiante cita “O fundador da diplomática, Mabillon, ao se ocupar da análise das características externas dos documentos, no sec. XVII, extraiu importantes informações dos diversos elementos constantes no suporte – desde sinais de autenticação e validação até os tipos de papel e tintas utilizados”.



Então é possível que, em determinadas circunstâncias, o rótulo possa ser recolhido como um documento de arquivo de valor secundário - e não menos importante - para um arquivo permanente e fazer parte do fundo do seu fabricante?


Vamos abrir um debate...

Postagem por Cristiane Mary Otaviano

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